O ar no quarto ficou eletrizado, pesado, como se o próprio universo segurasse a respiração. Alicia não se moveu, seus dedos ainda apertando levemente a blusa que segurava contra o peito. Seu coração batia tão forte que ela tinha certeza de que os dois homens podiam ouvir.
Roberto foi o primeiro a quebrar o silêncio.
— A gente conversou — disse, sua voz mais rouca do que o normal.
João não acrescentou nada, mas seus olhos escuros nunca saíram de Alicia. Havia algo selvagem naquele olhar, algo que ela reconhecia da Grécia, daquela noite em que quase sucumbiram ao desejo.
— Conversaram sobre o quê? — ela perguntou, tentando manter a voz firme.
Roberto deu um passo à frente, seus olhos ardendo com uma mistura de posse e entrega.
— Sobre você. Sobre nós. Sobre… como nenhum de nós consegue viver sem você.
Alicia sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ela sabia o que aquilo significava. Sabia desde o momento em que vira João na igreja, desde o instante em que seu corpo traiu