Foram dias de silêncio absoluto. Alicia se trancou em si mesma no hotel à beira-mar que escolheu para fugir do mundo — e, principalmente, de João e Roberto. O quarto era claro, arejado, e a brisa constante carregava consigo um leve cheiro de sal e liberdade. Mas nem o azul do mar nem o conforto da cama conseguiam aliviar o peso que esmagava o peito dela.

Ela havia ultrapassado todos os limites. Dormir com dois homens ao mesmo tempo já seria devastador o bastante. Mas ela dormira com pai e filho. Amava os dois. E agora não conseguia sequer se olhar no espelho.

Na manhã do sexto dia, a campainha tocou.

— Serviço de quarto? — perguntou com a voz baixa e arranhada pelo choro contido.

— Não, seu desastre. Somos nós. — A voz firme e debochada de Júlia ecoou do outro lado da porta.

— Abre logo, Alicia — completou Marisa. — Ou vamos começar a gritar o nome do Roberto aqui no corredor.

Alicia sorriu pela primeira vez em dias. Abriu a porta e viu as duas melhores amigas ali, com sacolas de café