O silêncio naquela sala era denso, quase sólido. O som do relógio de parede marcava cada segundo como um lembrete cruel de que o tempo não voltava. Sentados frente a frente, pai e filho tentavam se encarar. João mantinha os olhos fixos no chão por alguns instantes. Roberto, em pé diante da janela, com os braços cruzados, parecia preso entre a raiva e a tristeza.
Foi Roberto quem quebrou o silêncio primeiro.
— Você a ama?
A pergunta saiu seca, como um tiro. Mas havia um tremor nela que denunciava o quanto ele temia a resposta.
João ergueu os olhos, pesados.
— Amo.
Roberto fechou os olhos e balançou a cabeça.
— Desde quando?
João respirou fundo, e cada palavra seguinte parecia pesar toneladas em seus ombros.
— Desde antes... Desde o dia que ficamos a noite toda juntos na Grécia. Ela era só uma mulher que cruzou meu caminho por acaso. Eu não sabia o nome. Ela não sabia o meu. Foi uma conexão, uma dessas coisas que a gente tenta explicar, mas não consegue. Só... aconteceu.
Roberto sentou