O relógio marcava 10h47 da manhã quando João jogou o celular sobre o sofá com um suspiro impaciente. Já era a quinta vez que tentava ligar para Alicia naquela manhã. Nada. Nenhuma resposta, nenhuma mensagem. Como se ela tivesse desaparecido da superfície da Terra.
Roberto, do outro lado da sala, andava de um lado para o outro com as mãos na cabeça, os olhos injetados e a barba por fazer, revelando que não dormira nada desde que acordaram e descobriram que Alicia havia partido.
— Ela não foi pra casa das amigas — disse ele, sem encará-lo. — Liguei pra todas. Uma delas atendeu sonolenta, disse que não vê a Alicia desde a última vez que saíram pra jantar. A outra nem sabia que estávamos em crise.
João se levantou e pegou as chaves do carro.
— Eu vou procurar — disse, firme.
— Procurar onde? A cidade é enorme, pai! A gente não tem ideia de onde ela foi parar.
— Não vou ficar sentado esperando uma tragédia acontecer, Roberto.
— E se for isso que ela quer? Um tempo. Um respiro. Pra tentar e