Desde o vínculo, algo havia mudado.Isadora podia senti-lo — não apenas como uma lembrança, uma emoção ou um nome ecoando no fundo da mente. Cael pulsava dentro dela. Uma vibração sutil, constante, como uma eletricidade morna que corria sob sua pele. Às vezes era apenas um calor inesperado subindo pela espinha. Outras vezes, era um silêncio cheio de expectativa, como se o próprio ar soubesse que algo estava prestes a acontecer.E acontecia. Em sonhos. Em toques acidentais. Em olhares que demoravam mais do que o permitido.Ela sabia que ele sentia o mesmo. Porque o vínculo era vivo. E exigia ser alimentado.Naquela noite, o quarto era mais do que um espaço — era um campo energético. Ela estava sentada na ponta da cama, ele na poltrona perto da janela, como se a distância física pudesse conter a intensidade do que acontecia entre eles. Mas não podia. Havia algo queimando no silêncio. Um desejo latente. Uma força que os empurrava um para o outro, mesmo quando lutavam contra ela.Na sala

O mundo girou.Passar pelo portal era como ser engolido por uma memória que não era sua — imagens cruzavam a mente de Isadora com a rapidez de um raio: guerras antigas, olhos de fogo, gritos de encantamento. Quando seus pés tocaram o chão novamente, ela caiu de joelhos, o estômago revirando.Cael a segurou antes que ela tombasse de vez.— A transição mexe com a alma — ele murmurou. — Ainda mais quando se carrega duas.Ela o olhou, ofegante. Ele estava certo. Desde o vínculo, não era apenas Isadora ali. Era também Selene — a herdeira, a bruxa, o eco de outra vida tentando se fazer presente.O lugar onde estavam era… estranho. Um vilarejo envolto por uma névoa dourada, as construções cobertas por musgo, pedra e silêncio. A arquitetura era tão antiga que parecia ter sido esquecida pelo próprio tempo.Merah surgiu ao lado deles, o grimório agora envolto por correntes brilhantes.— Bem-vindos à Cidade Esquecida. Refúgio dos exilados, dos que foram apagados dos registros do mundo. Aqui, até