Fiquei parado diante da porta por longos minutos, com a fotografia nas mãos. A imagem parecia queimar meus dedos. Era como se, de repente, tudo o que eu precisava provar estivesse ali: minha mãe, comigo no colo… e Isabel, ao fundo, sorrindo com um falso ar maternal. Como alguém tão próxima à minha origem pôde me enterrar vivo num orfanato, e ainda assim manter esse retrato guardado por tantos anos? Entrei no quarto, fechei a porta com cuidado e me sentei no chão, apoiando as costas na parede. Helena se aproximou devagar, observando a foto com olhos arregalados. — Essa… é ela, não é? — perguntou, quase num sussurro. Assenti, sentindo a garganta se fechar. — E essa… é minha mãe — respondi. — Olha como ela me segura… como se estivesse feliz. Como se ainda tivesse esperanças. Helena se sentou ao meu lado, e o silêncio entre nós foi pesado, mas cheio de significado. Não precisávamos falar muito. O que eu sentia naquele momento era um misto de dor, indignação e uma faísca crescente de
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