Início / Romance / Sob o sol de bangkok / Capítulo 21 - Capítulo 30
Todos os capítulos do Sob o sol de bangkok: Capítulo 21 - Capítulo 30
30 chapters
O Homem na Sombra
A noite caía como um véu de silêncio sobre Bangkok, mas nem mesmo a escuridão era capaz de esconder o que se movia nas sombras. Havia algo diferente naquela noite — o ar parecia mais denso, como se pressentisse o que estava por vir.Pravat e Bela estavam no antigo escritório do avô dele, dentro da mansão ancestral da família. Era um lugar raramente usado, com móveis de madeira escura, cheiro de couro antigo, estantes pesadas abarrotadas de livros jurídicos e comerciais, e lembranças pesadas demais para serem ignoradas. Ali, cercados por retratos de gerações passadas e objetos que contavam silenciosamente a história dos Arunraksa, eles vasculhavam arquivos escondidos atrás de uma estante falsa, revelada por um mecanismo secreto que Bela havia descoberto acidentalmente ao pressionar um símbolo entalhado de flor de lótus.O mecanismo rangeu como um sussurro de um fantasma, revelando um compartimento oculto de aço. Dentro dele, uma pasta antiga, protegida por uma manta de seda preta com b
Ler mais
Sob o Silêncio do Passado
O eco das palavras de Arun ainda pairava no ar, como uma lâmina suspensa sobre todos na sala. Após sua saída, o ambiente permaneceu mergulhado em um silêncio tenso, como se ninguém ousasse ser o primeiro a quebrar o feitiço que sua presença deixara para trás. Pravat permaneceu parado, sentindo o peso das palavras do tio ressoando em sua mente como sinos de alerta: “Nem todas as verdades são fáceis de suportar.”— Ele apareceu… — Bela murmurou ao seu lado, os olhos ainda fixos na porta por onde Arun saíra. — E com ele, tudo mudou.Pravat assentiu, mas não respondeu. Seu coração batia em um ritmo descompassado, como se tivesse acabado de sair de um campo de batalha. E, de certa forma, tinha. Um campo de guerra velado, onde as armas eram olhares, palavras e histórias enterradas.Sabia que não podia simplesmente deixar as coisas como estavam. A presença de Arun, tão repentina quanto ameaçadora, era um sinal claro de que o jogo havia escalado. Aquilo não era apenas uma disputa por poder —
Ler mais
A Teia se Aperta
O ar na casa estava espesso, pesado com o peso das últimas revelações. Pravat havia se retirado para o escritório, tentando organizar seus pensamentos, mas as palavras de Sinn reverberavam como um tambor retumbando em sua mente."Ele quer reescrever tudo o que seu pai fez."A ideia de Arun, seu tio, tentando apagar o legado de seu pai, fazer desaparecer tudo o que a família Silken representava, fez seu sangue ferver. Ele não sabia até onde estava disposto a ir para proteger o que ainda restava da memória de sua família, mas sabia que não poderia ficar parado. Não agora. Não depois de tudo o que ouviu.Enquanto isso, Bela estava no outro cômodo, absorta em seus próprios pensamentos. Ela estava com um arquivo nas mãos, um pequeno caderno de couro envelhecido, cujas páginas estavam repletas de anotações feitas à mão. Era algo que Pravat nunca tinha notado antes, mas que Bela parecia ter descoberto quando procurava nos arquivos antigos da empresa. Ela virou a página com cuidado, como se t
Ler mais
A Chegada em Bangkok
O avião pousou com um leve solavanco, como se a própria terra estivesse reagindo à chegada de algo inevitável. Bangkok se estendia além das janelas, vibrante e caótica como sempre — uma tapeçaria viva de concreto, fios elétricos e cores intensas, pulsando sob um calor úmido e opressivo. Para Pravat, era como voltar ao centro de um furacão que nunca parou de girar.Do lado de fora, o céu estava nublado, como se a cidade soubesse que algo se aproximava. Era início da tarde, mas uma estranha penumbra envolvia o horizonte. Kaipo, Mikhail, Takeshi, Kwame, Achille e Lobo saíram um a um, os rostos marcados pela viagem, os corpos tensos pelo que sabiam que teriam de enfrentar. O grupo estava unido, mas o peso do passado parecia ter embarcado junto com eles.— Bem-vindos ao inferno tropical — murmurou Pravat com um sorriso amargo, enquanto puxava a alça da mochila. — Lar doce lar.O calor os atingiu como uma parede ao deixarem o aeroporto. Um bafo quente, espesso, carregado de gasolina, especi
Ler mais
O Encontro com o Fantasma
O céu de Bangkok parecia mais carregado do que o habitual naquela tarde abafada. O calor era sufocante, mas Pravat mal notava. Seus olhos estavam fixos na janela do táxi enquanto os prédios passavam como vultos borrados. A cidade fervilhava como sempre, mas algo dentro dele estava congelado, suspenso entre ansiedade e antecipação.Ao lado dele, Bela observava cada movimento, sentindo a tensão que irradiava do corpo do amigo. Ela sabia o que aquela viagem significava. Estavam prestes a encarar uma parte da história que Pravat sempre evitou: o passado da sua mãe, e o elo misterioso com Kaew, a mulher que surgia nos relatos como sombra e promessa.— Estamos quase lá — disse o motorista, apontando com a cabeça para o cruzamento que se aproximava. — A residência Kaew Ratanakosin fica depois daquela rua.Pravat assentiu sem falar. O nome soava pesado. Kaew. Sua mãe sempre mencionara essa mulher com um tom ambíguo — entre respeito, medo e ressentimento. E agora, finalmente, ele estava a minu
Ler mais
O Que Estava Escondido
O silêncio após a revelação de Kaew pairava no ar como uma tempestade suspensa. Cada segundo era um fio tenso prestes a romper. A presença dela ali não apenas surpreendia — desafiava a lógica. O que ela ganharia ao ajudá-los? Ou seria só mais uma peça num tabuleiro de intenções ocultas?Ela deu um passo à frente, com a mesma serenidade calculada de quem já esteve várias vezes à beira do abismo. De dentro do casaco tirou um envelope de couro escurecido pelo tempo e pelas memórias que carregava. O som do couro se dobrando ecoou pelo quarto abafado, onde a luz fraca filtrava-se pelas cortinas pesadas do hotel.— Isto pertenceu ao seu pai — disse ela, entregando a Pravat o objeto com um olhar denso. — Ele me deu para guardar quando tudo começou a ruir.Pravat segurou o envelope como se ele pudesse queimar suas mãos. Dentro, encontrou uma chave metálica, fria como gelo e marcada com um número: 55-B. Sua garganta secou ao reconhecer o estilo. Cofre bancário de segurança máxima. Não era qual
Ler mais
Sombras na Rua Yaowarat
Bangkok não dormia. Mesmo à noite, a cidade pulsava como um organismo vivo: buzinas, letreiros em neon, vendedores ambulantes gritando em tailandês e uma sinfonia de cheiros — especiarias, óleo fervente, flores de jasmim e fumaça. Pravat, Bela e Sinn andavam pela Rua Yaowarat, o coração da Chinatown local, misturados à multidão apressada.A cabeça de Pravat fervia. O vídeo do pai ainda ecoava em seus pensamentos. As palavras "nunca confie no sangue" estavam gravadas como uma maldição. Ele olhava para os rostos ao redor como se cada um pudesse esconder um segredo.— A gente precisava respirar um pouco — disse Sinn, tentando aliviar a tensão. — Talvez um bao ou um chá gelado ajude a clarear as ideias.— Ou uma armadilha — murmurou Pravat, ainda desconfiado.Bela observava as lanternas vermelhas balançando acima das barracas. Aquela noite tinha uma energia diferente. As cores pareciam mais saturadas, os sons mais agudos.Foi então que ela parou bruscamente.— Espera… — sussurrou. — Vocês
Ler mais
Ecos Sob o Templo
A noite em Bangkok tinha um cheiro denso de incenso, fuligem e história. Do alto do templo Wat Saket, também conhecido como Golden Mount, o vento quente sussurrava entre as estátuas de pedra como se carregasse os segredos de séculos passados. O brilho alaranjado da lua tocava os telhados dourados, criando sombras longas que pareciam se mover por conta própria. O ambiente sagrado parecia suspenso no tempo, como se aguardasse, com paciência milenar, por aquele exato momento.Pravat e Bela subiram os últimos degraus da colina com cautela. As lanternas penduradas tremeluziam fracamente, dando ao lugar um ar etéreo. Não havia turistas, nem monges. Apenas o silêncio cortante e o som dos próprios passos ecoando entre as paredes ancestrais.— Tem certeza que era aqui? — sussurrou Bela, o olhar atento varrendo as sombras.Pravat assentiu, os olhos fixos no altar principal ao fundo. O papel amassado ainda em seu bolso era claro: “Me encontre à meia-noite no Wat Saket. Venha sozinho. — A.”Mas e
Ler mais
Eco do Passado
O corredor era estreito demais para conter a tensão. Pravat sentia o ar pesado, como se cada passo que dava pelas escadas da mansão não o levasse apenas a um encontro, mas a um confronto inevitável com tudo que vinha evitando até ali. À sua frente, Bela andava decidida, os olhos atentos a cada detalhe. Desde que chegaram a Bangkok, havia algo pairando sobre eles — um tipo de alerta invisível que parecia pulsar nas paredes, nas palavras e, principalmente, nos silêncios.A porta do segundo andar se abriu devagar, revelando um salão decorado com o mesmo cuidado ancestral da mansão. Móveis antigos, quadros de família e porcelanas cuidadosamente posicionadas pareciam assistir silenciosamente os dramas daquela linhagem. Pravat conhecia bem aquele ambiente, mas não o visitava havia anos. Não desde que seu pai fora sepultado sem maiores honras, em um funeral que mais parecia um expediente empresarial.A família estava reunida. Tios, primos, cunhados. Todos eles com olhares que mesclavam surpr
Ler mais
O Espólio dos Fantasmas
A mansão da família Silken, silenciosa como um túmulo, parecia agora mais viva do que nunca. Não por boas razões — mas porque cada parede, cada quadro antigo, cada corredor abafado parecia sussurrar segredos que há muito tempo imploravam para vir à tona.Arun caminhava pela sala de estar como se pertencesse àquele lugar desde sempre. Apesar de ter sido apresentado como um “aliado de confiança” do tio de Pravat, sua postura era de alguém com um vínculo mais profundo. Seu olhar avaliava cada canto com uma atenção quase reverente, como se reconhecesse fragmentos de um passado enterrado.Bela, ao lado de Pravat, não conseguia tirar os olhos dele. Havia algo de estranho em Arun — não apenas em sua aparência impecável ou no sotaque suavemente moldado, mas na forma como ele parecia saber demais, como se cada nova informação fosse apenas uma peça de um quebra-cabeça que ele já conhecia há muito tempo.Pravat, ainda abalada pela tensão da noite anterior, foi direto:— Quem é você realmente, Ar
Ler mais
Digitalize o código para ler no App