As sirenes cortavam o ar pesado, misturando-se ao som da tempestade que não dava trégua. As luzes vermelhas e azuis dos bombeiros, ambulâncias e da Defesa Civil giravam sem parar, refletindo nas poças, nas folhas molhadas, no rosto desesperado de quem assistia.O cheiro de gasolina, lama e medo impregnava tudo. Homens com roupas de neoprene corriam para a margem do rio, ajustando os cilindros de oxigênio, preparando cordas, boias e lanternas. A correnteza parecia zombar deles, rugindo, levando consigo pedaços de galhos, troncos, lixo... e, quem sabe, uma vida.A multidão se formava, protegida por guarda-chuvas inúteis diante da fúria da chuva. Alguns seguravam as bocas, outros filmavam com celulares, e todos tinham nos olhos aquele olhar vazio de quem sabe que está presenciando algo trágico, irreversível, cruel.Foi então que o som de pneus deslizando no asfalto molhado ecoou. Um carro parou tão bruscamente que quase invadiu a ribanceira.João desceu, já com as pernas falhando, o peito
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