A noite caía devagar, derramando tons alaranjados sobre as bancadas de mármore da cozinha. O restaurante continuava fechado, mas ela permanecera lá, reorganizando tudo em silêncio, como se colocar ordem fora fosse acalmar a confusão dentro.Heitor estava por perto, como sempre.Nos últimos dias, algo havia mudado. Eles não discutiam tanto, ele perguntava menos, mas escutava mais. E mesmo com a suspeita ainda coçando no fundo da mente, Valentina sentia algo mais forte ganhando espaço: uma estranha necessidade de tê-lo por perto.— Vai jantar? — ele perguntou, apoiado na porta, com as mangas dobradas e o olhar suave demais para aquele homem que costumava parecer feito de pedra.— Não sei. Tô sem fome, mas… posso fazer algo leve. Você quer?Heitor deu de ombros, e isso bastou para ela pegar alguns ingredientes na despensa do restaurante. Nada demais — pão rústico, queijo de cabra, tomates, folhas frescas, uma garrafa de vinho esquecida no fundo da geladeira industrial.— Me ajuda a corta
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