Théo amava o silêncio. Era como se o silêncio falasse a sua língua.Todas as noites, logo após o jantar, ele se retirava para seu quarto, e todo o restante da casa parecia obedecer a um ritual sagrado: os passos diminuíam, as vozes se calavam, e os funcionários desapareciam como sombras respeitosas.Qualquer ruído fora do comum irritava o menino — às vezes, o deixava fora de controle. Ele precisava do silêncio como outros precisam de ar.Uma vez, Madame Kléo, preocupada por ele estar comendo pouco, mandou alguns lanches ao quarto. Em resposta, Théo simplesmente se trancou no sótão — o lugar mais esquecido da casa, onde ninguém ousava interrompê-lo.Mesmo com todo o cuidado, o carinho e a presença constante de Pitter e Pietro, ninguém naquela mansão forçava uma aproximação com Théo. Ele mesmo estabelecia as regras. E todos as seguiam.Mas naquela noite... algo foi diferente.Sem aviso, sem palavras, Théo saiu do quarto e desceu as escadas com passos rápidos. Seus olhos estavam arregala
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