No canto discreto da sala de estar, o velho mordomo observava com atenção a cena à sua frente. Amara estava sentada no sofá, imersa na leitura de seu roteiro, enquanto Théo, a poucos metros dali, desenhava com concentração silenciosa.
Não havia sorrisos forçados, nem tentativas exageradas de aproximação. Ela respeitava o tempo dele, e o menino, curioso, lançava olhares sutis na direção dela, como quem começava a se permitir confiar.
O mordomo notou isso. Ele era experiente demais para ignorar pequenos sinais — e aquele olhar de Théo tinha algo raro: serenidade. Uma calma quase encantada, que há tempos não se via em seu rosto. Ainda assim, o homem de confiança da casa Riddel mantinha a guarda alta. Sabia bem o que carregava no coração. O passado ensinou a ser desconfiado.
Houvera um tempo em que o menino quase se perdeu, ferido por um episódio que jamais deveria ter acontecido. Desde então, proteger Théo era mais do que uma obrigação — era uma promessa silenciosa feita ao próprio Pitter