Em Três dias, e Nunca Mais
Meu companheiro, Alfa Davi, tem sido frio comigo desde que me reconheceu oficialmente como a Luna da alcateia. Ele sempre acreditou que, na noite de lua cheia, eu dei a ele feromônios propositadamente. E que foi apenas por esse motivo que tive a chance de acasalar com ele e, logo em seguida, engravidar. Por isso, como Alfa, e pensando em preservar sua reputação, ele decidiu me reconhecer como sua companheira. Assim, tornei-me a "Luna misteriosa" do Alfa Davi.
A alcateia sabia apenas que Davi havia reconhecido uma Luna, mas ninguém sabia que essa Luna era eu.
No ano seguinte, quando dei à luz nosso filhote, ele também se mostrou indiferente à criança.
Quando o servo levou o recém-nascido até ele, Davi olhou para ele com desprezo e se afastou.
— Espero que ele não seja como a mãe. — Ele disse, com voz fria. — Astuta e ardilosa, uma vergonha para a alcateia!
Deitada na cama, fraca demais para reagir, minhas lágrimas escorreram sem parar.
Alguns meses antes, Sofia, amiga de infância de Davi, havia retornado à alcateia. No dia em que soube da notícia, Davi ficou eufórico. Voltou da casa de Sofia embriagado e, pela primeira vez, pegou nosso filhote nos braços.
Nosso filho, feliz, se aninhou no colo dele e me perguntou baixinho:
— Mamãe, o tio me abraçou! Isso significa que ele me aceitou?
Abracei-o com força, enquanto as lágrimas voltavam a cair.
— A verdadeira companheira do tio voltou, meu amor. Nós precisamos deixar a alcateia.
O que ele não sabia era que a curandeira já havia me dito que eu sofria da síndrome de enfraquecimento espiritual do lobo. Restavam-me apenas três dias de vida.
Antes de morrer, eu precisava levar meu filho até a casa dos meus pais, onde ele seria amado e cuidado, onde não seria desprezado nem abandonado pelo próprio pai.
E Davi... Davi nunca mais veria a mim nem ao meu filho.
Três dias, e seria o fim.