Ser a Mulher Perfeita É a Minha Vingança
O médico disse que, sem a terapia experimental mais avançada, eu só teria mais setenta e duas horas de vida.
Mas a única vaga para o tratamento foi dada por Francisco Silva a Beatriz Costa.
Ele disse:
— O quadro de insuficiência renal dela é mais grave.
Assenti com a cabeça, engolindo aqueles comprimidos brancos que acelerariam a minha morte.
No tempo que me restava, fiz muitas coisas.
Na hora de assinar, a mão do advogado tremia:
— Vinte bilhões em ações, a senhora realmente deseja transferir tudo?
Respondi:
— Sim, para a Beatriz.
Minha filha, Sarah, sorria feliz nos braços de Beatriz:
— A mamãe Beatriz comprou um vestido novo pra mim!
Falei:
— Que lindo. Daqui em diante, obedeça à mamãe Beatriz.
A galeria que eu mesma criei agora ostentava o nome de Beatriz.
— Valentina, você é maravilhosa.
Ela chorava ao dizer isso.
Respondi:
— Você irá administrá-la melhor do que eu.
Até mesmo o fundo fiduciário dos meus pais eu assinei e renunciei.
Francisco finalmente estampou o primeiro sorriso genuíno em anos:
— Valentina Costa, você mudou. Não é mais tão agressiva. Assim, você está linda.
Sim, à beira da morte, eu finalmente me tornei a 'Valentina perfeita' aos olhos deles.
Submissa, generosa, sem discutir: Valentina.
A contagem regressiva das setenta e duas horas havia começado.
Ficava curiosa, no instante em que meu coração parasse, do que eles se lembrariam sobre mim.
Lembrariam de mim como a esposa que finalmente aprendeu a desistir? Ou como a mulher que concluiu sua vingança com a morte?