Narrado por Alejandro Serrano
Por um instante, deixei que o silêncio falasse por mim. Havia algo no modo como ela dizia essas coisas — como se não estivesse apenas confessando um pensamento, mas aceitando um destino inevitável. Lisa não era feita de aço, por mais que fingisse. Era feita de carne, de sonhos feridos, e de uma dor que eu reconhecia, porque também morava em mim. Um vazio silencioso, que se escondia atrás da raiva e da máscara de controle.
Aproximei-me devagar, levando a mão até seu queixo, forçando-a a levantar o olhar para mim. Seus olhos brilhavam, mas não de lágrimas. Era algo mais cruel: a aceitação da própria ruína. Uma parte dela já sabia que não havia volta. Que não haveria salvação, não ali. Não entre nós.
— Eu sou mais do que sombras, Lisa — murmurei, com a voz rouca, carregada de algo que eu ainda não sabia nomear. — E você… você nasceu pra viver entre elas.
Ela não recuou. Não piscou. Apenas me encarou com aquela intensidade quase insuportável, como se cada pal