Capítulo 1 ) O Passado e o Presente
Lucas narrando Sou Lucas, tenho 32 anos, 1,90m de altura, forte, tatuado, e carrego comigo anos de experiência na polícia. Sou tenente e estou de volta à minha cidade para comandar o quartel. Mas essa não é a única razão pela qual estou aqui.Sofia, Minha filha. Quando soube que Sabrina estava grávida, foi um choque. Eu não queria ser pai tão novo. Minha vida era fardada, cheia de missões e responsabilidades. Mas quando ela me disse que não teria o bebê, fiz de tudo para que Sofia viesse ao mundo. E hoje, a guarda dela é minha. Mas isso não significa que fui o pai presente que deveria ser. Cinco anos fora. Cinco anos longe. E agora, de volta, percebo que outra pessoa ocupou o espaço que deveria ser meu, Clara a babá que sempre esteve ao lado da minha filha. ( ... ) Voltar para casa nunca esteve nos meus planos. Depois de anos vivendo longe, construindo minha carreira e tentando escapar das amarras da minha família, aqui estou eu, estacionando meu carro na frente da mansão dos meus pais. A casa é a mesma de sempre—grande, impecável, Tudo aqui parece intocável, exceto por um detalhe que muda tudo minha filha Sofia agora mora aqui. Desço do carro e inspiro fundo antes de tocar a campainha. Marta, minha mãe, atende a porta com um sorriso contido. — Filho… — Oi, mãe. Ela me encara por um momento antes de me puxar para um abraço rápido, como se quisesse garantir que estou realmente aqui. Não perco tempo com conversa fiada. — Onde está Sofia? Marta suspira. — No jardim, com Clara. Franzo a testa. Já ouvi falar dessa garota. Minha mãe mencionou que ela cuida de Sofia desde que era bebê, mas nunca me importei em saber mais. No entanto, algo na forma como minha mãe diz o nome dela me deixa curioso. — Clara? — A babá — ela explica. — Sofia é muito apegada a ela. Atravesso a casa e vou até o jardim. De longe, vejo uma jovem sentada na grama, com Sofia no colo. Minha filha gargalha enquanto Clara conta algo com empolgação. O som da risada de Sofia é raro—não me lembro da última vez que a ouvi assim. Paro a poucos passos das duas, observando a cena. Clara é jovem, muito mais jovem do que imaginei. Tem traços delicados, um sorriso doce e olhos cheios de ternura ao olhar para minha filha. — Papai! — Sofia grita ao me ver, se soltando do colo da babá e correndo até mim. Abaixo-me para segurá-la, sentindo seus bracinhos se apertarem ao meu redor. Ela ainda tem o mesmo cheiro de quando era um bebê. — Ei, pequena. Que saudade. — Pensei que nunca mais ia voltar… — Sua voz tem um toque de tristeza, e isso me incomoda mais do que deveria. Levanto o olhar para Clara, que agora está de pé, observando-nos em silêncio. Ela parece hesitante, como se não soubesse se deve se aproximar ou se afastar. — Você deve ser Clara — digo, ainda segurando Sofia. — Sim, senhor — ela responde com a voz baixa. — Só Lucas — corrijo. — Obrigado por cuidar da minha filha. Clara sorri de leve, mas não responde. Em vez disso, desvia o olhar para Sofia, como se estivesse checando se ela está bem. E naquele instante, percebo algo estranho. O jeito como Clara olha para minha filha, a forma como Sofia se agarra a ela… É diferente. Há mais afeto ali do que entre Sofia e minha própria mãe. Mais carinho do que o que a mãe biológica dela já demonstrou. E isso me incomoda muito....