Capítulo 101 — Ecos do Passado
A madrugada estava fria, silenciosa demais para parecer real.
Helena olhava pela janela do quarto, o olhar perdido na escuridão da floresta que cercava o refúgio.
Lá fora, o vento balançava as folhas, e cada ruído fazia seu coração disparar como se o perigo estivesse à espreita, prestes a se revelar de novo.
Miguel dormia no sofá, o corpo cansado depois de horas em alerta.
Helena sabia que ele não descansava de verdade — o sono dele era leve, quase um disfarce para a exaustão.
Desde o incidente no laboratório, desde a explosão que mudou tudo, eles viviam assim: à sombra do medo, tentando fingir que a paz era possível.
Mas algo dentro dela dizia que o pior ainda não tinha acontecido.
Havia uma sensação estranha no ar, como se o tempo estivesse se preparando para repetir algo que já fora vivido.
Ela fechou os olhos por um instante e, sem querer, viu o rosto de Caio Lazzarini.
Aquele olhar frio, calculista, parecia ainda vivo em algum lugar da memória — ou