Lívia
Quando senti o cheiro de comida vindo da cozinha, minha primeira reação foi pensar: O Antero aprendeu a cozinhar? Um segundo depois, percebi que isso era tão improvável quanto ele virar monge.
Segui o aroma, já desconfiada. E lá estava ele. Amiel. Sem camisa, com um avental amarrado displicentemente na cintura — aquele tipo de displicência milimetricamente calculada para exibir os músculos, o bronzeado e a covinha no queixo.
— O que você está fazendo? — perguntei, semicerrando os olhos.
Ele virou-se com um sorriso que devia ser ilegal em pelo menos sete reinos.
— Cozinhando para você, é claro. A deusa nos uniu, mas eu acredito que o estômago pode selar qualquer vínculo. — piscou.
Revirei os olhos.
Isso é molho de tomate na sua bochecha?
— Arte. — ele limpou com o dorso da mão, lambendo depois o dedo como se estivesse em um comercial de comida afrodisíaca. — Prove. Pode mudar a sua vida.
Eu gosto da minha vida do jeito que está. — cruzei os braços, mas o sorriso e