O dia já ia avançado, e o frio se tornava mais denso à medida que se aproximavam da fronteira belga. Dentro do carro, o som do motor e o balanço suave da viagem embalaram Angeline num sono tranquilo. Dante, percebendo o cansaço dela, diminuiu a velocidade.
Ela adormeceu recostada no banco, o rosto voltado para a janela. Mechas soltas caíam-lhe sobre o rosto, e por um instante Dante permitiu-se observá-la, havia nela algo que o intrigava, uma calma que contrastava com o turbilhão que ele mesmo sentia.
O sol já desaparecia quando Angeline despertou, sentindo o carro desacelerar. Piscou algumas vezes, tentando situar-se. A paisagem agora era outra, colinas suaves, vielas de pedra e o brilho de luzes distantes refletindo nas poças de chuva.
— Já chegamos? Perguntou, ainda sonolenta.
— Liège. Respondeu Dante, com um tom sereno. — Bem-vinda à minha cidade.
Angeline se endireitou, olhando pela janela. A cidade parecia envolta em um manto de mistério, torres antigas se misturavam a construçõe