Dante caminhou pelo longo corredor, desceu as escadas e foi até o carro. Recolheu a pequena Beretta caída no chão. Em seguida, pegou a mochila de Angeline e voltou para o interior da casa. Enquanto caminhava, tirou o celular do bolso, que vibrava, e o atendeu.
— Sim… em dois dias. Disse apenas.
Do outro lado, uma voz grave respondeu algo inaudível antes que Dante desligasse.
O silêncio voltou a dominar o ambiente. Ele subiu para o quarto e tomou um banho demorado. A água quente escorria por seus ombros largos, mas nem o vapor conseguia dissolver a tensão que se acumulava em seus pensamentos.
Quando desceu, vestia uma calça clara e uma camiseta branca, simples, colada ao corpo. O cabelo ainda úmido.
Na cozinha, o som metálico de uma faca cortando carne ecoava ritmado.
Cada movimento era preciso, controlado, o reflexo de quem está acostumado a dominar tudo ao redor. A lâmina reluzia sob a luz amarelada, enquanto o cheiro de carne crua se misturava ao aroma de cogumelos recém-fatiados.