O céu ainda era cinza quando subi no carro. A Sicília dormia, indiferente à guerra prestes a despertar.
Giovanni "Il Rosso" estava de volta ao campo de batalha.
Sem Serena.
Salvatore já estava no banco de trás, o rosto sério, o celular preso entre o ombro e o queixo enquanto dava ordens em voz baixa. Mesmo em silêncio, sua presença preenchia o carro como fumaça densa. Ele não olhou pra mim quando entrei — não precisava. Sabia o que eu estava sentindo.
Não era medo. Era ausência. Era aquele espaço aberto no peito onde Serena costumava morar.
— Está tudo pronto em Nápoles — ele disse, desligando a chamada. Finalmente me encarou. — Nenhum erro, Giovanni.
— Não vai haver.
— É a sua vida em jogo. Mas também é a de todos os homens que confiam em você. Você sabe disso.
— Sei.
O carro arrancou.
Pelas janelas, a cidade passava como lembrança. Cada rua parecia ecoar algum fragmento dela: o café onde Serena tropeçou e me chamou de grosseiro. A farmácia onde brigamos porque ela se recusava a toma