Na sala, a luz baixa criava sombras suaves enquanto os dois se sentavam no sofá — próximos o suficiente para dividir o mesmo ar.
Vinícius virou-se um pouco em direção a ela, apoiando o braço no encosto, e o silêncio que se instalou durou apenas alguns segundos antes que ele perguntasse, num tom sereno, mas atento demais:
— Clara… você não sente falta dos seus pais? Quer que eu vá buscá-los em Valença? Eles podem ficar aqui por um tempo.
O coração dela saltou com a pergunta. A gentileza dele era grande demais, boa demais, arriscada demais.
— Estou com saudades deles, mas não precisa… — respondeu rápido, suavizando a voz logo depois. — Eles estão bem. Eles gostam de ficar onde sempre moraram. Não gostam muito de mudanças.
Vinícius observou cada microexpressão dela como se cada piscada revelasse algo ainda oculto.
— Entendo. Mas você pode vê-los quando quiser. Não precisa pedir permissão pra mim. Somos casados, afinal. Não quero que se sinta presa.
Clara forçou um sorriso,