Clara despertou com a luz suave atravessando as frestas da cortina. O toque morno no rosto a fez abrir os olhos lentamente, ainda envolta pelo perfume de sabonete masculino que impregnava o travesseiro ao lado. Esticou o braço instintivamente em busca do calor familiar — mas encontrou apenas o lençol frio.
Piscou, despertando por completo.
Vinícius não estava ali.
Sentou-se, sentindo o vazio do quarto se expandir ao redor dela. A lembrança da noite anterior veio como um estalo incômodo — ele estava tenso, com dor, tentando disfarçar. Mal conseguiu dormir. Como teria simplesmente levantado e saído?
Com pressa, ela desceu as escadas. O aroma de café recém-passado invadiu seus sentidos. Sabrina tomava café da manhã.
— Sabrina… Bom dia.— Clara franziu a testa. — O Vinícius saiu?
— Bom dia. Foi para a empresa bem cedo.
Clara parou, as palavras pesando.
— Trabalhar? Mas ele passou a noite inteira com dor. Como é que ele foi trabalhar?
Sabrina deu de ombros, num meio sorriso resignad