Capítulo 37
Vinícius Strondda
Meu pai segurou uma taça na mão, deu mais dois passos lentos, olhar que atravessava.
Acompanhei-o até o canto da sala, próximo ao retrato antigo de Don Pablo, ainda jovem, com a arma na mão e sangue fresco no punho. Ironia das gerações.
— Então Francesco disse isso? Com essas palavras? — perguntei, encostando o copo na mesa.
Ele respirou fundo, apoiando as duas mãos nas costas da cadeira.
— Sim. Giovanni está enlouquecido. Francesco me explicou por alto. Parece que a mulher do Moretti sumiu faz um tempo… e agora o carro. Um Lancia Delta Integrale.
Meu olhar subiu, calmo demais pro que senti.
— Lancia, é?
— É. Eles não tinham entendido o que estava acontecendo até receberem uma mensagem. — Ele deu um meio sorriso cansado. — O maledetto que fez tudo isso é tão bom que ainda avisou os Moretti que tinha feito.
Abaixei o olhar pro vinho, girando o líquido como quem medita.
— Estranho, não é? — falei. — Acha que foi sábia a ideia do inimigo