Capítulo 68
Don Vinícius Strondda
Ele riu. Riu na cara da minha ragazza corajosa.
— E você quem é para me dar ordem? — inclinou-se, deixando a arrogância respingar. — A princesinha do bairro? Vai me ensinar caridade?
Fiquei imóvel só o tempo necessário para que o mundo me devolvesse o foco: ela movendo-se como quem já sabia o que faria, eu observando como quem mede risco e prazer numa balança torta.
— Vai pedir desculpa. Não vou ensinar o que deveria ter aprendido em casa. Até porque meus métodos são bem diferentes — ouvi antes de ver, a voz de Lucia cortando como lâmina fina.
Que graça teria se eu quebrasse a cara desse infeliz?
O homem de terno, ainda com o pé à frente, fez um gesto grosseiro, apontando o dedo para o velho.
— Sai daqui, seu lixo. Não é lugar pra vagabundo. Agora está me causando problemas.
O velho encolheu o saco de vidro contra o peito. Alguém ao meu lado engoliu forte; João Miguel ficou na sombra, avaliando, sem intervir. Eu pensei em