Liberdade
Capítulo 66

Lucia Bianchi Strondda

A madrugada se arrastou como um castigo.

Tentei dormir — em vão. A cama parecia grande demais, o travesseiro frio demais. Cada som da casa me deixava em alerta: o vento batendo nas janelas, o estalar da madeira, o relógio marcando horas lentas demais.

Vinícius ainda não tinha voltado.

Fiquei andando pela casa, sem saber se procurava distração ou coragem. Acendi uma vela na sala, sentei no sofá e abracei os joelhos, olhando o reflexo do fogo nas paredes novas — aquelas que ele mandara reforçar. Desde que o portão foi trocado por outro mais alto e os muros cresceram, a casa parecia uma fortaleza. Bonita, mas sem ar.

Quando o primeiro clarão do dia apareceu, eu já estava exausta.

E foi nesse silêncio de amanhecer que o barulho começou.

Motores. Vários. O som seco de pneus no asfalto. Depois, passos e vozes lá na rua.

Meu corpo reagiu antes da cabeça — corri até a porta, o coração acelerado, acreditando que era ele.

Mas antes que eu to
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