Capítulo 64
Don Vinícius Strondda
O barulho das botas de Maicon no concreto me dava o ritmo enquanto empurrava a porta do galpão. Ele me esperava encostado num carro sem placa, o rosto iluminado por um sorriso de quem já ganhou a metade da batalha.
— Entrou bem — disse, sem cerimônia. — Senta. Tem coisa.
Abri a pasta preta que ele me estendeu como quem mostra um troféu: grossa, com documentos, carimbos, fotos antigas, um passaporte. Maicon tinha a calma de quem sabe o peso do papel na guerra; uma assinatura convincente vale mais que dez soldados.
— Os documentos oficiais de Lucia. — Afirmei.
— Matei o homem que fez a documentação antiga — falou seco, sem olhar pra mim. — E a mulher que indicou. Limpeza feita. Não fico com lixo solto.
— Ótimo — respondi. — Tira as digitais do cheiro.
— Inclusive — ele continuou, puxando outra pasta — a documentação estava com furos. Nosso homem de confiança da Strondda já deixou tudo perfeito.
Abri a pasta. Fotos de bebê, um reg