98. O Despertar da Esfera
O silêncio do Templo de Velyr era absoluto, exceto pelo som suave do vento que serpenteava entre as colunas quebradas, carregando consigo o odor de pedra molhada e folhas antigas. O céu, visível pelo círculo aberto no teto do santuário, começava a se tingir de cinza, como se o próprio tempo recuasse, hesitante.
Estávamos parados em torno da plataforma de pedra, observando a esfera metálica corroída, ainda pulsando com aquele brilho tênue e irregular, como um coração indeciso entre a vida e a inércia.
Leriam foi o primeiro a se mover, inclinando-se com cautela, os dedos pairando a poucos centímetros da superfície da esfera, mas sem tocá-la.
— Está reagindo… ao colar. — afirmou, sem esconder o fascínio na voz.
— Mas o que quer? — indaguei, apertando o colar contra o peito, como se assim pudesse escutá-lo melhor, entender aquela pulsação que parecia tão viva quanto o meu próprio sangue.