64. Ecos na Névoa
Partimos ao amanhecer, quando o céu ainda era um véu cinzento recortado por linhas suaves de luz. O templo de Ruyven ficou para trás como uma memória que eu ainda tentava compreender. As montanhas que nos cercavam lançavam sombras longas, e uma névoa fria escorria pelas encostas como se o próprio mundo respirasse em silêncio.
Noctis caminhava ao meu lado em silêncio, o capuz puxado sobre os cabelos escuros, o olhar atento ao caminho à frente. Eu sentia o peso do colar sobre o peito como se ele houvesse ganhado massa depois do que presenciamos. De tempos em tempos, colocava a mão sobre ele, buscando sentir aquela pulsação quente que agora parecia fazer parte de mim.
A trilha que seguíamos era estreita e irregular, serpenteando pela encosta de uma colina forrada por arbustos baixos e árvores retorcidas. O ar ali era úmido e denso, como se o tempo andasse devagar naquela parte do mundo.
— Você está calada — disse ele, por fim, sem desviar os olhos da trilha. — Desde que deixamos o te