49. Sombras que crescem.
Nas profundezas do mundo dos sonhos, onde o tempo se desfaz e o real se mistura com o impossível, o ser se alimentava. Era feroz. Era faminto.
Durante séculos, aquele ser habitara os interstícios do mundo, adormecido entre véus e brumas. Mas o evento — aquele rasgo no céu, aquela vibração de poder que percorreu as cidades e abalou o tecido da magia — o havia despertado.
Ao primeiro clarão da aurora distorcida, ele esticou seus longos membros incorpóreos e se ergueu em silêncio, oculto da percepção dos mortais, mas já presente em seus sonhos.
A princípio, se moveu com cautela. Tocou a alma de uma criança adormecida em Altheya — apenas uma. Sorveu suavemente o brilho que ela irradiava, o calor da imaginação, a centelha da esperança que só os sonhos infantis carregam. Ela acordou pálida, confusa, com os olhos afundados como se tivesse chorado a noite inteira. Mas não se lembrava de nada.
Aquela foi a primeira.
Depois, vieram outras.
E então, depois de semanas de alimentado e forta