Beto, um adolescente comum se vê num maravilhoso mar de segredos e sentimentos quando conhece a nova aluna Lúcia. Beto se vê pela primeira vez, intrigado com alguma coisa e sua curiosidade o induz a conhecer cada vez mais da jovem Lúcia que parece vir de outra terra. Até onde eles podem compartilhar duas realidades sem abrir mão de uma? Até onde iriam os sentimentos deles?
Leer más- Beto, vamos, a gente tá atrasado.
Esse era Carlos, famoso por interromper momentos de reflexão e por sempre se preocupar com horários.
- Vá na frente, vou depois. – falei em um tom monótono. -Mas...deixa, você que se arque com suas consequências, só não diga que não avisei. - falou ele claramente irritado. Carlos era assim, com uma personalidade difícil e que sempre ficava sem paciência em menos de cinco minutos em uma conversa. Ele era um ano mais novo que eu e mesmo assim parecia ter o dobro de maturidade. Ele era alto, alto do tipo que pode virar jogador de basquete e também era magro, o que sentenciava totalmente sua futura profissão. Olhei o relógio de pulso rapidamente me dei conta de que Carlos estava certo, estávamos muito atrasados, peguei rapidamente minha mochila e corri na esperança de alcançar Carlos. Havia uma van que levava os órfãos para a escola e esta já estava bem longe quando eu finalmente saí dos arredores do orfanato. Droga. A van dava um total de dois circuitos, o que significava que teria que esperar a sua segunda volta, chegando assim no segundo horário.-----------------------------------------------------------
Assim que coloquei os pés na escola percebi que não era o único que tinha chegado atrasado, na última cadeira encostada na parede tinha uma menina sentada, automaticamente pensei que deveria ser novata, nunca tinha visto ela pelos corredores e eu me lembraria se tivesse visto. A garota em questão era particularmente linda, do estilo que nunca esquecemos quando vemos tamanha beleza.
-Com licença, você é nova por aqui? – perguntei me sentando a duas cadeiras de distância( muita proximidade poderia deixala desconfortavel). -Sim, eu sou. -Hã...eu sei como é- falei sendo solidário a situação dela. -Como é o que? – ela falou um pouco mais alto evidenciando o doce tom de sua voz, que soava de uma forma angelical. -Sei como é ir pra um lugar novo e estranho, com pessoas novas e estranhas. -É realmente muito ruim- falou transparecendo mais calma em sua voz. – Quando você se mudou pra essa escola? -Já faz um ano e meio. -E por que aqui? -Meu pai morreu há dois anos em um acidente, como eu não tinha mais ninguém na família, fui morar num orfanato aqui perto, por isso me colocaram aqui. -Sinto muito, deve ter sido uma péssima experiência. -É, foi mesmo. – Ainda me lembro nitidamente, meu pai caído em baixo do carro e o sangue vermelho escuro escorrendo por toda a rua, manchando-a. Balancei a cabeça tentando afastar esses pensamentos. – Mas então. Qual seu nome? -Meu nome é Lúcia e o seu? -Roberto, mas deixo você me chamar de Beto. – sorri pra ela que devolveu o sorriso e por um momento me perdi nas curvas de sua boca.O sinal tocou tirando-me de meu devaneio.
-O que foi isso? - Lúcia perguntou parecendo assustada. -É só o sinal da escola, começou o segundo horário- disse me levantando- De qual turma você é? Ela verificou os papéis em suas mãos. -Segundo ano, turma B. -Ótimo, você é da minha turma, vamos. -Vamos, estou empolgada pra finalmente ter aulas. – ela disse animada, prova de que o nervosismo já se fora.-----------------------------------------------------------
Quando chegamos na sala, o professor Henrique já estava lecionando e quando nos viu na porta parou imediatamente.
-Chegando atrasado novamente Sr. Chavez? Vejo que já conheceu a aluna nova, gostaria de apresenta-la a turma? Não era por causa da matéria- porque eu adorava matemática- mas esse professor era sem sombra de dúvida, insuportável, visto que sua aparência não era nada boa, era magro e alto – por isso o chamavam de bicho-pau-, sua pele era de cor madeira e seus óculos redondos não combinavam nada com o formato achatado de seu rosto feio. -Claro Sr. Bich-opa, digo Sr, Henrique... Pessoal essa é a nossa nova colega Lúcia, ela veio de...de onde você veio mesmo? - virei pra ela. -Amazônia. – ela disse me surpreendendo, as pessoas de lá eram mais bronzeadas e os tons de cabelo não variavam muito de preto para castanho escuro, mas lúcia tinha uma beleza incomum pra quem veio do Amazônia, ao invés de ter sua pele bronzeada, era extremamente pálida e seus cabelos eram ruivos. -Amazônia? Porra, isso é bem longe.- De repente me senti curioso: por que alguém teria vindo de tão longe? -É, eu sei. -Bom pessoal, como eu ia dizendo: ela veio da Amazônia e é o primeiro dia dela aqui, não a encham de perguntas, ok? -Muito bem Sr. Chavez- disse o bicho-pau- Pode ir para o seu lugar. Quanto a você Srta....- ele olhou um momento para os papéis em sua mesa- Srta. Franco, sente-se ao lado de Roberto, na carteira vaga.Olhei para Carlos, tentando chamar sua atenção. -Ei, psiu, psiu, Carlos, ei. - sussurrei. -Que foi, caramba? - ele falou claramente irritado. -Foi mal, quase fiz você se atrasar. -É, exatamente, quase. Mas de qualquer forma você que se atrasou, mas dessa vez você deu sorte. -Sorte? -Quer dizer, você a conheceu, não acha que valeu a pena? - ele apontou com o lápis para Lúcia que encarava o Sr. Henrique com atenção. Era verdade, foi bom conhecer Lúcia, ela parecia ser bem diferente das outras meninas e algo me dizia que eu iria descobrir mais sobre ela.O dia começava cedo às segundas-feiras, o alarme alto tocava para todos, mesmo para os que não estudavam de manhã o que eu imaginava que incomodava bastante.Retirei minha mão debaixo da coberta e a passei no rosto, sentindo a dor excruciante em meu pulso, "como vou escrever desse jeito?", pensei na hora, peguei meu celular e vi o horário, tinha bastante tempo até a hora de ir pra escola, então eu podia me permitir responder a mensagem de Lúcia que havia chegado na noite anterior. "A gente se vê na escola" foi apenas o que eu disse quando percebi que não conseguiria digitar mais que isso com uma mão só, me levantei e comecei a me arrumar, escovei os dentes, troquei minhas bandagens, vesti o uniforme, arrumei os livros dentro da mochila e fui para o refeitório do orfanato. Muitos dos internos já estavam ali como de costume, peguei meu café com pouco açucar e meu pão doce e me dirigi para a mesa central me sentando ao lado de Carlos, que conversava com Rafael, aque
Lúcia abriu seus olhos, sentindo a luz fraca do sol da Exoterra traspassando a água e atingindo seus olhos fazendo-os arder. Ao contrário do que muitos pensam, sereias dormem sim, mal, mas dormem, sobem até um ponto alto de suas moradias e sobre a luz da lua adormecem. Lúcia se espreguiçou pensando em como começar seu dia, pensou em Beto, no que ele estaria fazendo naquele momento, pensou em como gostava da companhia dele, do seu jeito fofo, sua personalidade carismática, seu humor, pensou se o que estava sentindo era saudade, poderia ser? Ela não saberia responder, não naquele momento. A jovem princesa resolveu reencontrar suas amigas para afastar aqueles pensamentos de sua mente, nadou até a cozinha de seu castelo pegando uma pastilha de gengibre adocicado (servia basicamente como café) e se dirigiu para o centro do reino. Aquitaria era com certeza um lugar esplendoroso, toda aquela cor, toda aquela vida que sempre fazia Lúcia parar de nadar
Silêncio. Paz. Inspiração. Expiração. Lúcia se deliciou com o ar puro e limpo do bosque isolado, sorriu ao olhar para o lago e lembrar de seu primeiro encontro transformada com Beto. O silêncio instalado no local não era aterrador ou solitário, era acolhedor, calmo, ela tinha certeza que se prestasse atenção, poderia ouvir as árvores crescendo ao seu redor, aquele era seu lugar de paz, seu porto seguro. A Aqua desejou poder apreciar sua solidão por mais tempo, mas como a princesa de Aquitaria, ela tinha suas obrigações. Lúcia novamente seguiu o maçante.ritual, se despiu e adentrou a água gelada do lago submergindo nela, ela sorriu quando começou a sentir a transformação. Suas pernas formigavam e se colavam uma na outra com uma força impressionante, Lúcia sentia o formigamento da magia agindo sob sua pele, suas pernas coladas foram tomadas por um brilho intenso que era acompanhado por um calor mui
-Mais uma pra conta do pai- eu grito vitorioso enquanto meu Kung Lao finaliza o Scorpion de Lúcia, cortando sua cabeça ao meio e fazendo seus miolos saírem da cabeça de maneira grotesca.-Você sabe que eu deixei você ganhar, né? - Lúcia diz em tom de clara derrota.-Me deixou ganhar das últimas quatorze vezes também? - eu ria de sua falha tentativa de explicar sua derrota.-Foi.-Ah, para. Só admite que eu sou melhor que você e pronto.-Você se acha demais. - disse ela me acertando com uma almofada- Só porque me venceu algumas vezes.-Quinze- a lembrei.-Tá, quinze. Eu perdi, você venceu, está feliz agora? - Lúcia diz largando o controle em cima do sofá.-Oh meu Deus- digo com voz manhosa- Vem cá vem. Quer mudar de jogo? A gente pode jogar junto.-Co-operativo? - ela pergunta se animando.-Isso mesmo,
Calor. Antes de abrir os olhos, senti meu rosto sendo aquecido pela luz do sol que entrava discretamente pela janela, a sensação que era bem vinda, me fez querer pular da cama feliz e aproveitar o dia lá fora. Mas infelizmente não dava, precisava ir pra escola.Espera aí.Minha escola era pela manhã, como eu estava sentindo aquele sol se...Me levantei e peguei meu celular, liguei a tela e vi o horário: 11:06. Passei as mãos no rosto frustrado, nem se eu quisesse poderia chegar a tempo na escola. Havia perdido um dia de aula, aquilo me incomodava, não era exatamente um super fã da escola, mas sabia da importância de boas notas num futuro estágio, por isso, prezava tanto pela presença quanto pelas atividades e trabalho, um dia a menos significava um passo pra trás nos meus planos. Me sentei na cama.Carlos inesperadamente adentrou o quarto segurando um peda&cce
Bati na porta da instituição e fui recebido por Abner, o porteiro, que me repreendeu por estar chegando muito tarde, às 20:45, o tempo havia passado estranhamente rápido. Me dirigi direto à ala dos meninos indo para o meu quarto, Rafael, um menino que ficava a uns dois quartos do meu estava saindo do quarto que eu dividia com Carlos pouco antes de eu chegar, ele agia meio estranho, estava mancando e parecia envergonhado, achei ser apenas impressão minha. Entrei no quarto e encontrei Carlos deitado com cara de besta, quer dizer, mais do que o normal.-Carlos- chamei e ele se sentou na cama me encarando.-O que foi? - perguntou, sua voz parecia vaga e sei lá, ele estava estranho. -Eu vi o Rafael saindo do quarto, o que rolou aqui? -Ah... como você não estava aqui eu o chamei pra jogar -respondeu Carlos ap&oac
Último capítulo