103. O Último Dia
O amanhecer do último dia rompeu-se com uma quietude densa, fria, como um véu espesso que cobria o mundo. O céu, fechado por camadas de nuvens pesadas e imóveis, tingia a paisagem com tons de chumbo, sufocando qualquer esperança de luz. No coração do templo, as pedras antigas vibravam sob nossos pés, como se, há milênios, esperassem por esse momento, por esse desfecho.
Meus passos ecoaram suaves ao me aproximar do altar, onde a esfera metálica repousava, imóvel e silenciosa. Passei a palma da mão sobre as inscrições ancestrais gravadas em sua superfície, sentindo sob a pele a memória de gerações que haviam tentado — e falhado — em deter o que agora cabia a nós encerrar.
O colar pendia contra meu peito, pulsando em um ritmo constante e crescente, irradiando calor que se espalhava pelo meu corpo como uma advertência, ou talvez, um chamado.
Ao redor, cada um de nós ocupava o seu lugar. Leriam, ajoelhado, desenhava com precisão os