Mundo ficciónIniciar sesiónLayla entrou apressada na sala, justo quando a professora da primeira aula do dia fazia a chamada. Pediu licença em voz baixa e se dirigiu às mesas do fundo, já que as primeiras fileiras estavam todas ocupadas. Tirou o celular da bolsa e conferiu as mensagens no grupo do W******p: “Melhores amigas para sempre ❤️”.
— Laylaaaa, cadê você, garota?
— Ei, tá dormindo ainda? Olha que horas são!
— Layla, querida, onde você está? Elçin e eu já vamos entrar e você não chega!
Layla riu sozinha ao ler as mensagens de Elçin e Samia.
As três cresceram juntas, estudaram na mesma escola desde o jardim de infância e prometeram seguir unidas na faculdade. O plano deu certo — mais ou menos. Layla escolheu Jornalismo, Elçin foi para Moda e Samia optou por Nutrição. Encontrar uma universidade que oferecesse os três cursos não foi fácil, mas, depois de muita discussão entre as mães, acabaram todas matriculadas na İstanbul Üniversitesi.
“Meninas, aconteceu um imprevisto. Conto tudo no intervalo.”
Guardou o celular de volta na bolsa e respondeu à chamada quando ouviu seu nome. Era o primeiro dia de aula dos quatro anos que viriam — e Layla estava decidida a se esforçar, se formar e se tornar uma profissional de sucesso.
***
Emir estacionou em frente à joalheria cujo endereço sua assistente havia enviado. Ficava perto do escritório, mas ele já estava atrasado. O relógio marcava 8h30.
Provavelmente, Kerem — seu sócio e um dos melhores amigos — já devia estar impaciente, mesmo depois de Emir ter avisado Aisha que surgira um imprevisto.
— Bom dia, senhor — cumprimentou Emir o homem que trabalhava em um cubículo repleto de peças e ferramentas.
Emir tirou a pulseira do bolso e a entregou ao homem, que a analisou com atenção.
— Olha, senhor, agora de manhã estou finalizando um par de alianças. Mesmo sendo uma peça simples, preciso de tempo para soldar o fecho. Posso deixá-la pronta depois das duas da tarde.
Emir franziu o cenho. Ele precisava daquela pulseira antes. Não queria ter que rever aquela garota insolente novamente.
— O senhor não poderia adiantar o serviço? Pago o triplo, se for preciso. Antes das 13h, seria possível?
Emir respirou fundo. Já estava atrasado e, para ele, tempo era dinheiro. Ou deixava a pulseira ali, ou perderia ainda mais minutos procurando outro lugar.
— Tudo bem. Fique com ela. Eu assino o que for necessário e volto depois das duas.
Resolveram o pagamento, e Emir se consolou pensando que, ao menos, era uma pulseira simples — nada de diamantes. Já pensou ter que gastar uma fortuna por causa de uma chantagista universitária?
Ele mesmo iria buscá-la depois, levaria até a dona e encerraria aquele assunto de uma vez por todas. Esperava nunca mais cruzar com ela.
Despedindo-se do ourives, seguiu para o trabalho.
No caminho, o celular tocou. Só atendeu porque era sua mãe.
— Mamãe, não posso falar agora. Estou dirigindo — disse, suspirando. — E já sei o assunto. Vou conversar com sua filha à noite.
Emir fechou os olhos por um instante. Não eram nem nove da manhã e ele já queria que o dia terminasse.
— Mamãe, eu ligo depois, tá bem? Não quero ser multado ou causar outro acidente.
Desligou antes que ela pudesse responder.
Chegou à agência, estacionou na vaga reservada e subiu direto ao escritório.
— Emir, até que enfim! — exclamou Aisha, aflita. — O Kerem está uma fera. O projeto da E&K foi pra outra agência!
Emir entrou na sala do amigo, que falava ao telefone.
— Aisha, traz um café bem forte, por favor — pediu Kerem, irritado. — E depois pode voltar pra sua mesa.
Assim que ela saiu, Emir se sentou.
— O que aconteceu? — perguntou, vendo o nervosismo do amigo.
Emir passou a mão pelos cabelos, frustrado.
— Não é possível. Eu nem tive chance de começar!
Kerem olhou para ele com pesar.
Emir cerrou o maxilar.
Aisha voltou, entregou o café e tentou amenizar o clima.
Ele bebeu um gole amargo do café. O dia, que já tinha começado mal, conseguira piorar — e, na mente dele, a culpa era toda da chantagista universitária. Desde o instante em que cruzou o caminho dela, o azar parecia não ter mais fim.
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