Capítulo 21.
JULIA MONTENEGRO NARRANDO:
Voltar pra casa depois daquele primeiro dia foi como atravessar um furacão de emoções. Eu dirigi quase no automático, com a cabeça cheia, os ombros tensos e um silêncio gritando dentro do carro. A empresa era impecável, Gabriel ainda mais intenso do que eu lembrava, e o clima… um verdadeiro campo minado. Mas tudo o que eu queria agora era chegar em casa, respirar fundo e dar um pouco de paz pra minha mãe.
Quando estacionei na frente da casa dela, o cheiro de comida caseira escapando pela janela já me fez quase chorar. Respirei fundo, engoli o nó na garganta e saí do carro. Levei comigo os papéis do novo convênio e a certeza de que, por pior que fosse aquele trabalho, ele era a minha salvação naquele momento.
Amélia abriu a porta antes mesmo de eu bater. Com o avental ainda amarrado na cintura, sorriu como se nada mais importasse no mundo além de me ver ali.
— Oi, filha. Tá com fome? Fiz lasanha.
Lasanha. Ela sempre fazia lasanha quando queria me