JULIA MONTENEGRO NARRANDO:

Segunda-feira.

O despertador tocou às seis em ponto, mas eu já estava acordada antes dele. Não dormi direito, o travesseiro da infância, o quarto que um dia foi meu, as paredes da casa da minha mãe pareciam apertar o peito. A ansiedade corria solta nas veias.

Levantei, tomei um banho gelado pra espantar o cansaço e vesti a roupa que escolhi na noite anterior uma camisa branca de seda, calça de alfaiataria bege e salto baixo. Nada ousado, tudo pensado. Eu queria parecer segura, profissional, acima de qualquer lembrança da noite que tive com Gabriel.

Passei o batom com a mão firme no espelho do banheiro.

— Você precisa desse emprego. — Repeti pra mim mesma umas dez vezes antes de sair de casa.

Dirigi devagar até a sede da Visionar Tech. O prédio moderno parecia até zombar da minha presença, com seu revestimento espelhado e os seguranças sérios na entrada. Eram 8:30 da manhã quando cheguei. Respirei fundo, engoli o orgulho e entrei.

A recepcion