Capítulo 35.
JÚLIA MONTENEGRO NARRANDO:
A segunda-feira amanheceu cinza. Não apenas no céu lá fora, que ameaçava chuva desde o início da manhã, mas também dentro de mim. O peso do fim de semana ainda apertava meu peito com a força de um nó apertado demais para desfazer.
Dirigi até o escritório no automático. O rádio tocava uma música qualquer que eu mal ouvia, e o trânsito parecia seguir num ritmo estranho, como se o mundo tivesse desacelerado e eu estivesse presa numa bolha de cansaço emocional. Quando estacionei no prédio da empresa, fiquei alguns segundos parada dentro do carro, respirando fundo. Eu precisava estar inteira. Profissional. Distante.
Era o que eu me repetia desde a noite anterior.
Ao entrar no elevador, apertei o botão do nosso andar e mantive o olhar fixo no número digital acima da porta. A cada andar subido, meu estômago parecia pesar mais. Eu não sabia como seria o dia, não sabia nem o que esperar dele.
Cumprimentei o pessoal da recepção com um aceno de cabeça e caminhei até mi