Ponto de vista de Kira
Quando a carcaça desabou e a fumaça começou a baixar, o mundo voltou a ter sons — estalos, alarmes, o chiado da fiação queimada. À minha frente, a couraça da máquina exibia fẹndas profundas, lâminas retorcidas como costelas quebradas. O monstro jazia como um gigante mutilado, soltando vapor e faíscas que caíam como chuva nẹgra.
Limpei a poeira dos olhos e voltei a encarar o compartimento frontal. O vidro estava estilhaçado, a armação deformada. Calisto continuava lá dentro — viva, mas presa entre painéis e fios, o sangue misturado ao óleo que escorria sobre o console. Seu rosto pálido, a maquiagem borrada, os olhos vermelhos faiscando entre raiva e algo que poderia ser reconhecimento. Ela respirava com dificuldade. Toda aquela blindagem falhou em protegê-la.
A fúria subiu como lava. O que restava da minha paciência virou ação.
Aproximei-me. O calor das chamas me perseguia; minhas mãos tremiam, não por medo, mas pelo esforço. Apoiei a ponta da katana em uma