O restaurante escolhido por Xiaomei tem vista para as luzes pulsantes de Manaus, como um coração cibernético batendo no caos noturno. O ambiente é de penumbra quente, com velas elétricas em cúpulas de vidro, projetando sombras que dançam sob as mesas. O som abafado e ritmado de “Locomotive Breath” preenche o ar — o dedilhar da guitarra e o sopro agressivo da flauta parecem acompanhar o fluxo dos pensamentos como uma locomotiva sem freios.
Estamos sentadas em um canto reservado. Xiaomei chama atenção como sempre: o sobretudo de couro negro aberto, revelando apenas um top colado ao corpo e uma calcinha de renda escura. As luzes âmbar acariciam sua pele branca como porcelana. Ela cruza as pernas devagar, o olhar fixo em mim, como se estivesse tentando decifrar um enigma.
— Cem mil eurodólares — ela comenta com um sorriso enviesado — e nem pareceu que você precisou se esforçar.
— Foi um lembrete — respondo, a voz baixa, controlada — do que sou capaz. E do que posso me tornar.
A batida da