A cidade ainda dormia sob o brilho tênue dos letreiros holográficos. A moto cortava as ruas silenciosas com seu ronco grave e constante, faróis iluminando o caminho enquanto o vento chicoteava meu rosto. O prédio mais alto da zona corporativa surgiu como uma torre de vidro e aço no horizonte. Ali, na cobertura, Alessandro me esperava — ou pelo menos, o que restava dele.
Estacionei com firmeza, descendo da moto num movimento automático. O capacete ficou pendurado no guidão. Meu coração já batia forte antes mesmo de eu pisar no elevador privativo. O código de acesso piscou em verde, digitado com dedos ansiosos.
Aurora recebeu uma mensagem: Ele estava trancado, com febre e tremores. Algo o estava destruindo por dentro. E mesmo sem entender o porquê, algo em mim me puxava até ele com urgência.
O elevador deslizou até o topo. As portas se abriram com um sussurro metálico. A cobertura estava mergulhada em uma penumbra suave. O chão frio sob meus pés. O silêncio era espesso, opressor.
— Ales