Léo
O jantar com Ana era para ser apenas um encontro formal, um momento para conversarmos sem as paredes do escritório entre nós. Mas desde o momento em que ela entrou no meu carro, percebi que não seria tão simples assim.
Ela estava linda. Sempre foi. Mas havia algo na forma como cruzou as pernas, como manteve o olhar firme no caminho à nossa frente, fingindo que minha presença não a afetava, que fez com que minha paciência fosse testada.
Durante o trajeto, tentei manter a conversa leve. Mas Ana tinha uma habilidade inata de levantar muros ao meu redor, como se estivesse se protegendo de algo que já conhecia bem demais. E talvez estivesse.
Quando chegamos ao restaurante, abri a porta para ela, mas ela apenas me lançou um olhar breve antes de sair do carro. Quanta resistência... e quanta mentira. Eu via a tensão nos ombros dela, sentia a forma como prendia a respiração quando me aproximava.
Já passamos dessa fase, Ana.
Nos sentamos à mesa, e, por um instante, apenas observá-la foi suf