Esmel
Eu estava no meu quarto, sentada na cama, pensando um monte de coisas. Não conseguir ver me deixava muito brava, muito mesmo! E pra piorar, as coisas com a mamãe não estavam nada boas. Eu sentia um nó na garganta só de pensar.
Eu queria ir pra casa, pro meu quarto de sempre, mas não queria nem um pouquinho ficar perto do Kairós. Ele me dava um arrepio ruim, sabe? Não conseguia olhar pra ele, nem quando ele sorria como se nada tivesse acontecido. Como se ele não tivesse feito mal pro meu papai. Meu coração doía só de lembrar.
— Querida — a vovó chamou.
Eu olhei pra onde a voz dela veio, que era da porta.
— Oi, vovó — eu disse, tentando fazer minha voz parecer normal.
— A gente pode conversar um pouquinho? — ela perguntou. A voz dela estava meio esquisita, meio com medo.
— Claro, senta aqui — eu disse, batendo na cama do meu lado.
O que será que ela queria? Fiquei com a pulga atrás da orelha.
— Bom... uhm... eu vou te contar logo, eu e o vovô estamos pensando em ir morar em outro