Lia Perroni
Voltei para casa com a sensação de ter sido esvaziada. A frustração por não conseguir me reaproximar de Esmel pesava em cada passo. Abri a porta e encontrei Luz na cozinha, concentrada em bater algo em uma tigela. Deixei a bolsa no sofá e fui até ela.
— E aí, como foi com a Esmel? — ela perguntou, sem tirar os olhos da tigela.
Respirei fundo, um suspiro pesado que carregava toda a minha angústia.
— Não foi, Luz. Ela não quer nem saber de mim. Eu me sinto a pior mãe do mundo.
Luz parou o que estava fazendo e me olhou, os olhos transmitindo uma calma que eu não possuía.
— Que isso, Lia? Vai desistir agora? Pare de falar besteira. Isso da Esmel é apenas uma fase, uma reação ao que ela está sentindo. Ela logo vai voltar para casa, você vai ver.
Olhei em seus olhos, buscando desesperadamente por um fio de esperança.
— Eu não sei mais o que fazer, Luz. Não posso obrigá-la a aceitar o Kairós.
Um leve sorriso surgiu nos lábios de Luz.
— E nem deve. Você tem