Renata Souza
O relógio na parede marcava 19h42 quando ouvi o barulho da porta se abrindo. Meu coração disparou no mesmo instante. As mãos suadas apertaram a barra da blusa, e me forcei a respirar fundo. Tinha passado o dia todo ensaiando esse momento, revendo cada palavra que diria, tentando prever todas as possíveis reações de Eduardo. Mas, agora que ele estava ali, tudo parecia mais difícil.
— Renata? — A voz dele ecoou pelo apartamento, carregada com o cansaço típico do final do expediente.
— Estou na cozinha.
Fiz um esforço para soar casual, mas sabia que meu tom de voz não enganaria ninguém. Ele entrou no cômodo com a gravata afrouxada e a camisa social ligeiramente amarrotada. Seus olhos me analisaram rapidamente, e a preocupação tomou conta de sua expressão.
— O que foi? Você está com uma cara estranha.
Respirei fundo mais uma vez. A náusea subiu pela minha garganta, mas engoli o desconforto. Não podia voltar atrás agora.
— Eduardo, precisamos conversar.
Ele franziu a testa e p