A vida tranquila da professora Jhulietta Duarte vira de cabeça para baixo ao encontrar Ethan, um menino perdido que a chama de "mamãe". O que começa como um aparente engano a lança no mundo do bilionário Nicolas Santorini, um homem frio e marcado por traumas do passado. Determinada a ajudar o solitário Ethan, Jhulietta se vê cada vez mais envolvida na vida dos dois. À medida que segredos do passado de Nicolas vêm à tona e desafios inesperados testam os limites de Jhulietta, um amor improvável floresce entre eles.
Leer másVocê acredita que o nosso destino já está traçado de alguma forma?
Eu nunca acreditei muito nisso... até meu caminho se cruzar com o de um lindo menino de olhos azuis. Através dele, encontrei mais do que buscava na vida. E tudo começou naquele final de tarde…
Sou Jhulietta Duarte, professora em uma escola pública no coração da cidade. Sabe o que essa profissão me ensinou? Que a rotina simplesmente não existe. Crianças são imprevisíveis. Uma pergunta inesperada, um pequeno acidente ou um olhar carregado de uma tempestade silenciosa podem transformar um dia comum em um verdadeiro enigma.
Depois de uma semana exaustiva, tudo o que eu queria era chegar em casa, tirar os sapatos, preparar um chá quente e me perder em um filme qualquer. Nada de surpresas.
O relógio se aproximava das seis e meu trajeto até o ponto de ônibus era sempre o mesmo: ruas calmas, crianças rindo ao longe, um cachorro latindo, o murmúrio do trânsito ao fundo.
Mas hoje… havia algo diferente.
O silêncio parecia pesado, como se o mundo prendesse a respiração.
E então, eu o vi.
Um menino pequeno para estar sozinho, sentado na sarjeta, os braços finos apertando os joelhos contra o peito. Seu corpo encolhido, tentando se tornar invisível. Suas roupas estavam empoeiradas, os cabelos desgrenhados cobriam parte do rosto...
Mas seus olhos.
Aqueles olhos.
Um azul profundo, perturbador. Olhos de quem buscava algo. Sei disso porque já fui uma criança assim.
Minhas pernas pararam antes que minha mente processasse qualquer coisa. Algo dentro de mim gritou que eu não podia simplesmente seguir em frente.
Engoli em seco e me aproximei devagar, mantendo uma distância segura.
— Oi… tudo bem? — minha voz saiu baixa, como se temesse assustá-lo.
O menino ergueu o rosto lentamente. Seus olhos encontraram os meus, como se tentassem enxergar além da superfície.
Então, sem aviso, ele se levantou e correu em minha direção.
Antes que eu pudesse reagir, seu pequeno corpo se chocou contra o meu, e seus braços se fecharam ao meu redor em um abraço desesperado.
— Mamãe!
Meu coração parou.
O tempo ao redor se distorceu. O barulho da cidade desapareceu.
— O quê? — minha voz saiu em um sussurro rouco.
Senti seus dedos trêmulos apertando meu corpo.
— Mamãe… você voltou. Eu sabia!
Meu corpo inteiro congelou. “Mamãe?”
A palavra ecoava na minha mente como um trovão distante. Aquilo não fazia sentido.
Respirei fundo, tentando encontrar alguma lógica para o que estava acontecendo.
Afastei-o levemente para olhar seu rosto. Ele me encarava com uma devoção desesperada, como se estivesse diante de um milagre.
— Pequeno… acho que você está me confundindo com outra pessoa.
Ele balançou a cabeça freneticamente, os olhos brilhando com um misto de medo e esperança.
— Não! Você é a mamãe. O papai disse que você foi para o céu, mas eu sabia que voltaria.
Um calafrio percorreu minha espinha.
Papai?
Será que ele estava perdido? Ou pior… fugindo de casa?
— Mamãe, por que você não lembra de mim? Sou eu, o Ethan, seu filho.
Ajoelhei-me para ficar à sua altura, segurando seus ombros com delicadeza.
— Ethan… esse é o seu nome, certo? — perguntei, tentando manter a calma.
Ele assentiu vigorosamente.
— Onde está o seu pai? Ele sabe que você está aqui?
Ethan desviou o olhar. O medo em sua expressão era quase palpável.
Antes que eu pudesse insistir, uma voz grave e autoritária cortou o ar.
— ETHAN!
O grito fez minha pele arrepiar.
Me virei num reflexo e vi um homem se aproximando rapidamente. Alto, imponente, vestido com um terno impecável. Seu olhar estava fixo no menino e carregava uma fúria contida.
— O que diabos você pensa que está fazendo? — sua voz era cortante, cheia de autoridade.
Senti Ethan estremecer ao meu lado. Ele se agarrou ainda mais a mim.
— Eu não quero voltar para casa, papai. Quero ficar com a mamãe!
O homem parou abruptamente.
Por um segundo, algo cruzou seu olhar. Algo profundo e indecifrável.
Mas, num piscar de olhos, desapareceu.
Ele fechou a mandíbula, os olhos escurecendo.
— Ethan, chega.
Seu tom me incomodou. Frio e implacável.
Quando seus olhos finalmente se voltaram para mim, um calafrio percorreu minha espinha.
— Quem é você?
Engoli em seco.
— Jhulietta. Eu o encontrei aqui na rua. Ele parecia perdido, então parei para ajudar.
O homem suspirou pesadamente, passando a mão pelo rosto.
— Me desculpe por isso. Ele… está confuso.
Antes que eu pudesse responder, Ethan explodiu:
— Ela é a mamãe, papai! Eu sei que é!
— Chega, Ethan! A sua mãe não está mais viva, e você tem que aceitar isso. — Ele disse em um tom ríspido, o que fez o menino se agarrar ainda mais a mim.
O silêncio que se seguiu foi sufocante. As palavras duras que ele dirigiu ao menino me deixaram irritada. Será que ele não percebe que o filho está sofrendo?
— Senhor, não precisa ser tão rude com o menino.
O homem fechou os olhos, como se minhas palavras tivessem atingido um ponto vulnerável. Quando os abriu novamente, sua expressão estava controlada. Mas algo ali havia mudado.
— Escute, senhorita Jhulietta… — ele disse meu nome com uma frieza calculada. — Agradeço por ter ajudado meu filho, mas posso cuidar dele agora.
Havia algo na forma como ele falou que me fez estremecer.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Ethan agarrou minha mão com força.
— Não me deixa, mamãe! Por favor, não me deixa!
Meu coração apertou. Eu não conhecia aquele menino. Não sabia o que estava acontecendo.
Mas, naquele momento, uma coisa era certa: eu não podia simplesmente ir embora.
Levantei o olhar e encarei o homem diretamente.
— Só quero ter certeza de que ele está bem.
Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso com minha resposta.
Depois de um instante tenso, assentiu lentamente.
— Muito bem. Se insiste, venha conosco até o carro.
Minhas mãos suavam. Meu coração estava acelerado.
E, enquanto Ethan ainda segurava minha mão com força, uma certeza crescia dentro de mim.
Eu tinha acabado de entrar em algo muito maior do que imaginava.
Dois anos se passaram desde nossa lua de mel no Caribe, e eu posso dizer com certeza: minha vida não poderia estar melhor.Nicolas se tornou um homem ainda mais realizado. Sua rede de resorts e hotéis cresceu consideravelmente, e ele já inaugurou várias novas unidades pelo mundo. É impressionante ver como ele continua apaixonado pelo que faz, sempre buscando inovar e trazer experiências inesquecíveis para seus hóspedes. Eu me orgulho tanto dele!Ethan agora tem doze anos, e continua sendo o menino maravilhoso e carinhoso de sempre. Ele é muito leal aos seus amigos, e eu adoro ver como eles fazem tudo juntos. Mesmo assim, confesso que fiquei um pouco triste quando ele decidiu que não queria mais jogar futebol. Sempre achei que ele tinha talento, mas o importante é que ele esteja feliz. E se tem uma coisa que eu aprendi sendo mãe, é que o bem-estar dele está acima de qualquer expectativa minha.Renata e Eduardo não estão juntos. Eles tentaram por um tempo, mas acabaram percebendo que o
Jhulietta DuarteA brisa suave que tocava meu rosto me fazia sentir que tudo estava prestes a ser perfeito. O voo foi tranquilo, sem grandes turbulências, e agora, enquanto o avião se aproximava da pista do aeroporto no Caribe, minha mente estava agitada, mas em um bom sentido. Não conseguia deixar de pensar em tudo o que o destino nos reservava nessa viagem. Uma lua de mel. Nossa lua de mel. E, depois de tudo o que passamos, finalmente estaríamos sozinhos, sem pressões externas, para aproveitar o que parecia ser um pedacinho do paraíso.Olhei para o lado, onde Ethan dormia tranquilamente ao meu lado. Ele estava exausto, após o longo voo, e seus olhos estavam fechados, com as bochechas rosadas pela luz suave que entrava pela janela. Ele estava tão calmo, tão tranquilo, e isso me dava uma sensação de paz imensa. Não poderia pedir mais do que vê-lo bem, sem aquele peso de preocupação que carregamos nos últimos tempos. E, com a viagem, parecia que a tensão estava começando a se dissipar
Olívia MarquesEstava sozinha em meu apartamento, sentada no sofá, tentando processar tudo o que aconteceu nas últimas semanas. Meu coração ainda doía por tudo o que havia acontecido, especialmente por como minha vida havia se tornado um turbilhão de descontrole. O casamento de Jhulietta e Nicolas, aquele escândalo, a humilhação diante de todos, e a forma como eu acabei me expondo, tudo isso estava me consumindo. E ainda havia o fato de que, pela primeira vez, eu me vi sem apoio, sem a proteção de minha família. Meu pai estava tão distante de mim agora, me julgando, me desprezando. Eu sabia que estava sozinha.Estava em um lugar que sempre considerei meu refúgio, mas, agora, parecia uma prisão. Olhei para as paredes do meu apartamento e, de repente, tudo parecia mais apertado, mais sufocante. A campainha tocou, e meu estômago revirou. Não esperava visita alguma, muito menos uma visita que pudesse me trazer mais problemas. Levantei-me de forma automática, com uma sensação estranha, com
Jhulietta Duarte Os três dias que passei no hospital pareciam ter sido uma eternidade. Eu não conseguia tirar da cabeça o susto que levei quando os médicos me disseram que minha gestação estava em risco. A princípio, foi tudo um caos. Eu mal conseguia processar o que estava acontecendo, com a preocupação constante com o bebê e com minha saúde. Mas agora, ao sair do hospital, havia uma sensação de alívio que começava a se formar dentro de mim. O pior parecia ter passado.Nicolas estava ao meu lado, como sempre. Podia sentir o peso de sua preocupação, que nunca o abandonava, mas agora havia uma nova energia entre nós, algo que nos unia ainda mais. Ele me olhou com um sorriso suave, o tipo de sorriso que me dizia que ele estava aliviado também. Eu sabia que ele sentia o mesmo, e isso me fazia querer ser forte para nós dois.— Vai ficar tudo bem, Jhulietta. Só precisamos tomar cuidado, ok? — Ele disse, com a voz carregada de ternura, enquanto segurava minha mão firmemente.Sorri, acenand
O cansaço pesava sobre meus ombros, mas a preocupação com Jhulietta e o futuro que nos aguardava me mantinha alerta. Meu pai percebeu meu estado e pousou uma mão firme em meu ombro.— Nicolas, você precisa descansar. Ficar aqui não vai mudar nada. Jhulietta está sendo cuidada pelos melhores médicos.Assenti, sabendo que ele estava certo. Olhei para Ethan, que lutava contra o sono ao meu lado. Eu precisava estar forte para ele também.— Tudo bem, vamos para casa. Mas me mantenha atualizado sobre a mamãe, pai.— Farei isso, e você faz o mesmo em relação a Jhulietta.Trocamos um abraço rápido, e ele saiu. Peguei Ethan no colo, que não resistiu e apoiou a cabeça em meu ombro. O caminho até em casa foi silencioso. Assim que chegamos, coloquei Ethan no sofá, mas ele abriu os olhos e me olhou com expectativa.— Papai, quero conversar.Respirei fundo, sentando-me ao seu lado.— Eu também preciso falar com você, filho.Ethan me olhava com atenção, esperando que eu dissesse algo. Passei a mão p
Nicolas Santorini O silêncio no salão me deixava cada vez mais apreensivo. Desde que Jhulietta entrou no quarto com Ethan, o tempo parecia se arrastar. A ansiedade corroía minha paciência. Meu filho estava frágil, machucado emocionalmente por tudo o que havia descoberto, e Jhulietta... bem, ela estava furiosa. Seu estado antes de entrar no banheiro não me deixava confortável. Eu precisava vê-los.Andei de um lado para o outro, sentindo um aperto no peito. Meu pai percebeu minha inquietação e pousou uma mão firme em meu ombro.— Paciência, filho. Eles precisam desse momento. Ethan está confuso e magoado. Jhulietta sabe o que está fazendo.Eduardo, que estava por perto, assentiu.— Concordo. Jhulietta sempre teve um jeito especial com Ethan. Deixe que ela converse com ele.Respirei fundo, mas a sensação ruim não ia embora. O tempo parecia correr devagar demais. Eu tentava me convencer de que estava exagerando, mas meu coração não me permitia relaxar.De repente, a porta do banheiro se
Último capítulo