Diogo Lima
O cheiro de cigarro barato impregnava o pequeno lugar enquanto eu observava pela janela a movimentação da rua. Coiote estava jogado no sofá velho, os pés sujos sobre o sofá encardido, tragando seu cigarro como se não tivesse um pingo de preocupação na vida.
— Então, Lima — ele começou, com aquele tom irritante de quem já sabe a resposta. — Tu não disse que ia se aproximar da tua filha com facilidade?
Revirei os olhos e cruzei os braços.
— Já esbarrei com a garota, porra. Mas ela não me reconheceu.
Coiote gargalhou alto, batendo na própria coxa.
— Mas é claro que não, caralho! A última vez que a menina te viu, ela tinha o quê? Uns seis anos? Agora deve estar com uns vinte uns pouquinhos. Tu acha que ela ia olhar pra tua cara e falar "Papai, é você?" Vai se foder, Lima!
Bufei, porque sabia que ele estava certo, mas não ia dar esse gostinho pra ele.
— Eu vou usar outro jeito pra me aproximar dela. Mas tem que ser com cuidado, tem uns seguranças paisanos rondando