O grito sai rasgado da minha garganta antes que eu possa contê-lo. Ele ecoa pelo vale como o urro de uma fera ferida, reverberando pelas árvores, atingindo a água do rio como um açoite de dor.
Estou de joelhos na margem, com as mãos afundadas na terra molhada, e choro. Choro como nunca chorei antes.
Meu corpo inteiro se curva sob o peso de um sofrimento que não cabe mais dentro de mim. Cyrus. Meu companheiro. Meu destino. E, ainda assim, aquele que ousou me rejeitar.
— Por quê? — grito entre soluços, o corpo sacudido — Por que até mesmo você? Por que o único que deveria ter ficado... fez isso comigo?
Não há resposta.
Só o som do meu desespero ecoando ao redor, como zombaria. O vento arrasta minha voz para a floresta, para o vazio. Nenhuma alma responde. Nenhum consolo vem. E então, como uma onda impiedosa, as lembranças me afogam.
Vejo Cyrus invadindo a sala de conferência da alcateia Lua Negra. Seus olhos dourados flamejando com algo que à época não compreendi. Ele me viu... degra