Laha
A dor é a primeira coisa que reconheço quando acordo neste lugar. Uma dor antiga, primitiva. Não do corpo, apesar das lacerações, mas da essência que carrego, como se ela estivesse sendo dilacerada em camadas sutis, invisíveis. Tento rugir, mas minha voz não sai. E mesmo que saísse, não haveria quem ouvisse. Aqui não existe eco. Aqui não existe tempo. Só escuridão e vazio.
O monstro... aquela coisa sem nome e sem rosto, desapareceu, assim que eu cai nesse abismo, mas sua presença deixou um rastro em mim. Uma mancha que não sai.
Ele drenava não só meu poder, mas minha identidade. Eu o enfrentei, lutei com garras e o meu poder, mas algo mais antigo, mais faminto, o controlava. Algo que se escondeu enquanto eu lutava, observando. Algo que me conhecia melhor do que eu mesma. E, no momento em que entendi isso, fui arremessada à escuridão como uma besta ferida.
Agora estou aqui.
Em um lugar onde nem a gravidade sabe como agir. Minhas patas não tocam chão. Meus braços não se movem com