Marcel
Sinto o sol queimar meu rosto enquanto arranco ervas daninhas perto dos muros do jardim oeste. Cada punhado de raízes arrancadas é como um retalho arrancado da minha alma.
Dói, mas ainda não é nada comparado ao que fiz a ela. Quando o vento traz o perfume sutil de uma flor-do-campo, minha mente congela. Há algo ali que não pertence a este lugar sombrio em que estou cativo nos últimos meses. A curiosidade me puxa como uma corda invisível, mas sei que essa mesma flor pode mascarar segredos que eu não estou preparado para encarar.
Memórias me assolam. Ravena se aproximando, a mão tocando meu rosto sujo e fedido. Naquele instante, seu toque não trazia o aroma doce das flores régias; eu não a reconheci.
Pensei que fosse outra pessoa, ou uma lembrança deslocada. Mas havia nela um cheiro diferente, algo tênue e estranho, que não fez meu coração disparar como antes.
Mas estou feliz que ela tenha vindo me ver, pois assim pude implorar por seu perdão, mesmo que ela esteja diferente. Nã