Nathaniel
A dor de alguém que amamos tem cheiro. É um odor metálico e úmido, como o de sangue fresco misturado ao perfume das coisas que não deveriam acontecer.
Estou folheando um tomo antigo sobre maldições lunares quando a porta da biblioteca é arrombada com brutalidade. Nem tenho tempo de me levantar. É ela.
— Prya?
A mulher que entra não é a mesma que deixei horas atrás em sua cama. Seus cabelos antes trançados agora estão soltos, emaranhados como os de uma fera em fuga. Os olhos selvagens, que sempre escondem segredos perpétuos, agora jorram mágoa crua.
Ela corre para mim.
Atravessa a sala como se o chão estivesse prestes a ruir sob seus pés. Quando a envolvo nos braços, sinto seu corpo pequeno e quente tremendo como se algo a estivesse devorando de dentro para fora.
— Prya, o que aconteceu? — Seguro seu rosto em minhas mãos. — Quem fez isso com você? Está ferida?
Ela apenas chora, com seus grandes olhos negros. Um som que mais parece um rugido animal atravessando sua garganta. S