Capítulo 4: Stella Monteiro

Acordo com a cabeça latejando e um gosto amargo de álcool misturado com arrependimento. Levo alguns segundos para entender onde estou. O quarto está em meia-luz, iluminado apenas pelo abajur âmbar no canto, criando sombras suaves nas paredes. A respiração lenta e pesada atrás de mim me faz prender o ar.

Viro o rosto devagar.

Romeo está deitado ao meu lado.

As tatuagens negras recortam o peito dele como rabiscos carregados de histórias que eu nunca ouvi. O peito sobe e desce, calmo, enquanto o cabelo castanho cai, bagunçado, sobre a testa. Ele parece mais jovem assim. Menos demônio, mais homem. Um homem que eu não deveria desejar — mas desejo. Desejo demais.

Engulo seco.

Meu coração b**e forte, acelerando, como se quisesse alertar que estou em território proibido.

Lembro de flashes da noite anterior — a música preenchendo meus ossos, o perfume dele quando passou o braço pelas minhas costas, o calor da mão firme na minha cintura. E depois disso, tudo um borrão luminoso.

Fecho os olhos, tentando afastar aquela sensação familiar de culpa. Mas ela chega mesmo assim, do mesmo jeito que sempre chega.

Meu casamento falido.

O divórcio.

O relacionamento abusivo que me destruiu aos poucos, como água infiltrando rachaduras que eu fingia não ver. Quantas vezes eu me senti pequena? Quantas vezes deixei de existir para caber em alguém? Perdi tanto… tanto de mim.

E agora estou aqui, do lado de um homem que é puro incêndio.

Um homem que me faz sentir viva só de respirar ao meu lado.

Meu peito aperta.

Eu não quero pensar. Não quero lembrar. Não quero ser a versão quebrada de mim mesma.

Quero sentir.

Quero existir — nem que seja só por alguns minutos.

Antes que eu tenha tempo de reconsiderar, me inclino para frente. A ponta dos meus dedos roça o lençol entre nós, e então minha boca toca a dele.

Leve.

Um sussurro.

Depois mais firme, como se eu pudesse roubar um pouco da vida que pulsa em Romeo só de tocá-lo.

Ele desperta num sobressalto, a mão fechando em meus braços com reflexo rápido, quente, possessivo.

— Stella? — a voz rouca dele vibra contra meus lábios. — Você enlouqueceu?

Sinto o calor subindo pelo meu rosto, mas não me afasto. Eu deveria. Eu sei que deveria. Só que… não consigo.

— Não me afasta. — Minha voz sai baixa, quase uma súplica. — Você sabe que me quer. E eu… eu também quero.

Os olhos dele se estreitam, avaliando cada milímetro de mim, como se tentasse decifrar se sou real — ou só mais um erro de uma madrugada ruim.

Mas eu continuo.

— Não quero promessas, nem consequências. — Minha respiração treme. — Só essa noite. Só você. Me faça esquecer de tudo… por favor.

A mão dele sobe devagar, dedos arrastando pela minha pele até parar no meu rosto. Ele me segura pelo queixo, inclinando meu rosto para ele.

Os olhos, tão escuros quanto a noite lá fora, queimam nos meus.

— Stella… — a voz é grave, puxada, como se carregasse uma ameaça e uma promessa ao mesmo tempo. — Se eu fizer isso, você nunca mais vai conseguir me esquecer.

O ar some dos meus pulmões. Meu corpo inteiro responde àquelas palavras.

Mas eu já sei.

Já sinto.

Eu não quero esquecer.

— Então não me deixa esquecer. — sussurro. — Eu aceito.

Um som baixo, entre um rugo e um gemido, escapou da garganta dele quando minhas palavras ecoaram no quarto: "Não me deixa esquecer."

Foi como se eu tivesse soltado a corrente de uma fera.

Num movimento fluido e irresistível, ele se virou, invertendo nossas posições. De repente, eu estava sob ele, o peso do seu corpo ancorando-me no colchão, o calor da sua pele queimando através das roupas. O mundo exterior desapareceu, reduzido ao âmbar do abajur nos seus olhos.

Suas mãos, que antes seguravam meus braços com urgência, suavizaram-se, tornaram-se exploradoras. As palmas deslizaram pelos meus ombros, para os lados do meu corpo, até encontrar a barra do vestido. Seus dedos encontraram o zíper e puxaram-no com uma lentidão que era torturante. O tecido cedeu, abrindo um caminho para o ar frio do quarto – e para o calor da sua boca.

Ele tirou o vestido, beijando cada centímetro de pele que era revelado. Primeiro o osso do meu ombro, depois a curva suave do meu seio por cima do sutiã. Seus lábios eram uma chama lenta e úmida, deixando um rastro de fogo na minha pele. Um gemido escapou dos meus lábios quando sua língua lambuzou a vale entre os meus seios, e eu arquei as costas, oferecendo-me, pedindo por mais.

Ele desceu, beijando meu estômago, os quadris, enquanto as mãos puxavam o vestido para baixo seus olhos encontraram os meus enquanto se ajoelhava entre as minhas pernas, e o olhar era tão intenso que eu senti que estava sendo despedaçada e remontada ali mesmo.

Seus dedos ganharam as alças da minha calcinha. Ele as puxou para baixo com a mesma deliberação, mas parou quando o tecido fininho ainda cobria o centro da minha umidade. Em vez de tirá-la completamente, ele a afastou para o lado, um ato de possessividade que me feu tremer toda.

— Deixa eu ver — ordenou.

O primeiro toque da sua língua foi uma revelação. Lento, deliberado, uma varredura longa e úmida que me feu gritar e enterrar as mãos no seu cabelo, enquanto sua boca, quente e habilidosa, me devorava com uma paciência que beirava a crueldade, ele sussurrava contra a minha pele.

— Você é tão linda aqui, tão sensível... abrindo toda para mim.

Eu estava perdida, um redemoinho de sensações. A culpa, o arrependimento, o medo tudo foi consumido pelo fogo que ele acendia em mim. Meus quadris balançavam, buscando o ritmo da sua língua, e ele me concedia, acelerando, depois desacelerando, mantendo-me à beira do abismo até que eu suplicasse.

— Por favor, Romeo... por favor.

Foi o que ele estava esperando, e a onda do meu orgasmo quebrou sobre mim, violenta e total. Gritei, meu corpo arqueando violentamente, meus dedos se crisparam nos lençóis enquanto ondas intermináveis de prazer me lavavam por dentro, me deixando fraca e tremula.

Antes que eu pudesse recuperar o fôlego, ele se moveu. Levantou-se e, sem perder o contato visual, despiu a própria calça. Pegou minha mão, que ainda tremia, e envolveu-a em volta dele. Era quente, pesado, a pele como veludo sobre aço.

— Sente? Sente o que você fez comigo? Tudo isso... vai estar dentro de você, Stella. Até o talo.

Ele se inclinou para a mesa de cabeceira, abrindo a gaveta para pegar uma camisinha. Foi um momento de realidade intrusiva, e eu agarrrei-me a ele.

—  Não — eu disse, minha voz rouca e usada. — Não precisa. Eu estou limpa.

Ele parou, me estudando.

— Eu também.

E então ele voltou para mim. Seus beijos, agora, tinham o gosto de mim e dele, um sabor primitivo e adocicado. Ele se posicionou entre minhas pernas, e eu senti a ponta dele pressionando minha entrada, úmida e sensível ainda do orgasmo.

Ele começou a entrar, uma penetração lenta e exquisita que me fez prender a respiração. Meus olhos se encheram de lágrimas pelo excesso de sensação. E então, uma fraqueza, um último resquício de quem eu fui, surgiu.

— Não... não seja carinhoso.

Romeo parou, seus olhos escaneando o meu rosto. E então, ele sorriu. Não era o sorriso do homem que eu vi dormindo. Era o sorriso de um demônio, afiado e perigosamente lindo.

—  Como quiser, princesa.

Num movimento brutalmente rápido, ele se retirou e me virou de bruços, com uma força que me deixou sem fôlego. Puxou meus quadris para cima, me colocando de quatro, e minha face afundou no travesseiro. A palma da sua mão atingiu minha nádega com um estalo seco que ecoou no quarto, fazendo eu gemer de dor e prazer misturados.

—  É assim que você quer? — ele rosnou, sua voz um trovão no meu ouvido. Sua mão se enroscou no meu cabelo, puxando minha cabeça para trás. 

E ele entrou de uma vez. 

Eu estava além da razão, além do medo. Cada palavra possessiva, cada tapão, cada puxão de cabelo era como gasolina no incêndio que ele começou. O prazer era uma coisa avassaladora, uma corrente elétrica que partia do ponto onde nossos corpos se conectavam e se espalhava por cada nervo. Eu me entreguei ao turbilhão, gemendo e suplicando, minha voz uma coisa estranha e animal para meus próprios ouvidos.

Eu senti os músculos da coxa dele contraírem, sua respiração ficar mais ofegante.

— Vou gozar dentro de você, Stella. Vou te encher toda.

Essas palavras foram o meu gatilho. Um segundo orgasmo, mais profundo e convulsivo que o primeiro, arrancou-se de mim com uma força que quase me fez desmaiar. Eu gritei seu nome, meu corpo se contorcendo violentamente contra ele.

Sentindo minha queda, ele segurou meus quadris com força e mergulhou até o fim, um rugo gutural saindo do seu peito enquanto a sua própria release o atingia. Senti o pulso quente dele dentro de mim, a contração final que selava nosso pacto de esquecimento.

Por um longo momento, a única coisa no universo foi o som da nossa respiração ofegante.

Ele se retirou lentamente, e meu corpo, exausto, cedeu. Mas antes que eu pudesse me afundar no vazio, suas mãos, agora surpreendentemente gentis, me viraram. Ele se deitou de costas e me puxou para ele, fazendo com que minha cabeça repousasse em seu peito suado. Sua pele cheirava a sexo e a sal, e o coração batia forte contra o meu ouvido, um tambor selvagem acalmando-se.

Ele não disse nada. Apenas passou a mão pelos meus cabelos embaraçados, uma carícia calmante e possessiva.

E eu, que não queria promessas nem consequências, fechei os olhos e me afundei naquele calor, adormecendo no peito do incêndio, sabendo que ele tinha razão.

Eu nunca mais o esqueceria.

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