Noah
A sala de jantar da mansão do meu avô, Ronaldo Carter, era um espetáculo de opulência, os lustres de cristal pendendo como estrelas congeladas, lançando prismas dourados sobre a mesa de mogno que brilhava sob a luz. O aroma de peru assado, temperado com ervas, misturava-se ao doce de canela de sobremesas ainda por vir, enquanto o perfume de pinho das guirlandas natalinas, enroscadas com fitas vermelhas, impregnava o ar. A neve caía em flocos delicados contra as janelas altas, o som abafado contrastando com o crepitar da lareira na parede oposta, onde retratos de família em molduras douradas observavam como sentinelas silenciosas. Cada detalhe — as cadeiras de veludo vermelho, os talheres de prata reluzindo com precisão, o guardanapo de linho dobrados. — gritava poder, mas também a hipocrisia de uma “família feliz” que meu avô insistia em sustentar, mesmo após as traições do meu pai, que nos deixou com sua morte e suas mentiras. Olivia estava ao meu lado, o vestido preto colado a